O INCÊNDIO DA VILA SOCÓ
Sábado, 24/02/1984, a Vila São José (mais conhecida como Vila Socó) estava feliz: um vazamento do Oleoduto Santos-São Paulo que cruzava toda a Vila-Favela, durante a tarde, deixou escapar centenas de litros de gasolina. A população, cerca de 1.200 famílias, correu para armazenar o líquido precioso, para vender mais tarde aos proprietários de veículos. Eram os preparativos para a tragédia. Sábado, 23h30, a Refinaria de Capuava iniciava o bombeamento de gasolina para o Terminal da Alemoa (em Santos), através do Oleoduto Santos-São Paulo. Por falha na comunicação, as válvulas dos tanques OC-5 e OC-7, na Alemoa, estavam fechadas. A pressão sobre o Oleoduto fez com que o duto A-S, o mesmo que estava vazando em Vila Socó, não suportasse a carga, estourando. Cerca de 700 mil litros de gasolina espalharam-se por todo o mangue, onde estavam assentadas as palafitas de Vila Socó. O problema demorou a ser detectado pela Petrobras.
Madrugada de domingo, 25 de fevereiro, a Vila Socó explodiu. Um mundo de fogo tomou conta, em poucos minutos, de toda a favela. Tudo estava em chamas: casebres, pontes de madeira sobre o mangue e a água. Quem conseguia sair de casa, caía na água em chamas. O combustível armazenado em várias casas ajudava à propagação do fogo. O pânico espalhou-se pelas ruas de todo município. As pessoas fugiam da cidade, receando que toda ela explodisse, inclusive a Refinaria. Os bombeiros nada puderam fazer a não ser olhar a gasolina ser consumida pelo fogo.
No dia seguinte, restou apenas o trabalho de retirada e contagem dos corpos. |
Na manhã de domingo, dezenas de corpos carbonizados foram enfileirados à beira da Avenida Bandeirantes (antigo aterrado entre Cubatão e Santos). Os corpos pareciam de crianças, tão pequenos que ficaram depois de carbonizados. O cheiro forte era horrível e a fumaça continuava a sair da terra queimada do mangue. No mesmo dia, o presidente da Petrobras, Shigiaki Ueki, chegou de helicóptero na região, mas foi rapidamente aconselhado a deixar o local, para não ser linchado pela população. Restava a contagem dos mortos. Nem todos os corpos reclamados pelas famílias foram encontrados.
Foi utilizado cal alguns dias depois para atenuar o odor. |
Havia muitos pedaços espalhados pelo mangue. Oficialmente, morreram 99 pessoas. Contudo, acredita-se que o número de vítimas foi muito maior, entre 500 a 700 pessoas, pois famílias inteiras devem ter sido queimadas, não sobrando ninguém para reclamar seus corpos. O laudo técnico admitiu que a ruptura do duto resultou da corrosão de sua face exterior, cuja espessura ficou restrita a apenas meio milímetro. A Petrobras, por sua vez, assumiu a culpa pelo vazamento, mas retrucou que, quando construiu o Oleoduto Santos-São Paulo, não havia moradias ao lado das tubulações dentro do mangue.
O dia 25 de fevereiro de 1984 foi o momento mais trágico da história de Cubatão. Jamais será esquecido. |
Texto: Joaquim Miguel Couto, professor da Universidade Estadual de Maringá
Fonte:
CLICK AQUI👉Cubatão: Caminhos da história / Cesar Cunha
Ferreira, Francisco Rodrigues Torres, Welington
Ribeiro Borges. - Cubatão, SP : Ed. do Autor, 2007.
REPORTAGENS E FATOS EM VÍDEOS
Reportagem TV Tribuna - 2024
A Verdade Apagada - Incêndio da Vila Socó
TV BANDEIRANTES- 2014
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Descaso ou Fatalidade? VILA SOCÓ: o maior acidente químico da história brasileira.
Narração passo-a-passo dos eventos.
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Cubatão Urgente (1984) - TV CULTURA
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