terça-feira, 17 de setembro de 2024

JUDEUS X ÁRABES (Israel x Palestina)



            O conflito territorial entre judeus e palestinos tem raízes profundas (desde a expulsão dos judeus pelos romanos no 70 d.C., entre muitas outras, e o sionismo do XIX) e se intensificou após a criação do Estado de Israel em 1948. A partilha da Palestina pela ONU previa 55% do território para os judeus e 44% para os palestinos, e as cidades de Belém e Jerusalém seriam territórios internacionais devido ao significado religioso. A fundação de Israel resultou na Guerra da Independência (Nakba), com a expulsão de palestinos. A religião (ambos à utilizam para potencializar o conflito), aliada à disputa territorial e aos recursos naturais como água e áreas de plantio, continua a ser um fator central nesse conflito, inclusive com o uso de terrorismo de ambos os lados no decorrer dos anos.

            Este conflito é muito extenso e complexo e a seguir, tentaremos reunir alguns elementos para poder entende-lo minimamente.

1. TENSÕES RELIGIOSAS

            Antes da criação do Estado de Israel em 1948, a região da Palestina (que hoje compreende Israel e os territórios palestinos) era palco de tensões profundas e complexas entre judeus e palestinos. Vamos explorar essas tensões:

1. Marcos Religiosos e Históricos:

            A região da Palestina é considerada sagrada por várias religiões:
  • Para os judeus, é a Terra Prometida, conforme descrito na Bíblia hebraica (Antigo Testamento);
  • Para os muçulmanos, inclui a cidade de Jerusalém, onde está a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al-Aqsa, locais sagrados;
  • Para os cristãos, é o cenário de eventos bíblicos, como a vida de Jesus Cristo.
2. Movimento Sionista:
  • O sionismo foi um movimento internacional judaico que defendia a criação de um Estado nacional judaico na Palestina;
  • O sionismo ganhou força no final do século XIX e no início do século XX, especialmente após a Declaração Balfour de 1917, na qual o governo britânico manifestou apoio à criação de um “lar nacional para o povo judeu” na Palestina.
3. Conflitos e Tensões:
  • A imigração judaica para a Palestina aumentou, o que gerou tensões com a população árabe local;
  • Os árabes palestinos viam os judeus como “invasores ocidentais” e resistiam à presença judaica;
  • Essas tensões culminaram em conflitos, revoltas e confrontos entre as comunidades.
            Portanto, antes da criação do Estado de Israel, as tensões religiosas e étnicas entre judeus e palestinos já eram evidentes, marcando o início de um conflito que persiste até hoje.

2. A OCUPAÇÃO BRITÂNICA

A ocupação britânica na Palestina em 1920 está diretamente relacionada ao contexto histórico do Mandato Britânico da Palestina. Vamos explorar essa questão:

A. Origens do Mandato Britânico:
  • Após a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o Império Otomano foi derrotado, e a região da Palestina (que incluía o que hoje é Israel e os territórios palestinos) ficou sob controle britânico;
  • O Mandato Britânico da Palestina foi oficializado em 1920 pela Liga das Nações.
B. Promessas Contraditórias:

            Durante a guerra, os britânicos fizeram duas promessas contraditórias:
  • Ao Xarife de Meca, ofereceram a formação de um Estado árabe unido em todas as regiões do Oriente Médio onde os árabes eram maioria demográfica. Isso incluía a Palestina;
  • Através da Declaração Balfour de 1917, ofereceram ao movimento sionista a criação de um lar nacional para o povo judeu na Palestina.
C. Conflito de Interesses:
  • Essas promessas contraditórias geraram tensões entre a população árabe (que constituía 93% da população da Palestina) e os colonos judeus (cerca de 7% da população);
  • Os britânicos assumiram o controle da Palestina, mas suas decisões e políticas favoreceram o movimento sionista, o que levou a conflitos e protestos.
            Assim, temos que considerar que a ocupação britânica em 1920 faz parte desse contexto complexo, marcado por interesses divergentes e promessas não cumpridas.

3. TERRORISMO “JUDEU”

            O conflito entre judeus e palestinos na região da Palestina (hoje Israel e territórios palestinos) é complexo e tem raízes históricas profundas. Vamos explorar alguns pontos relevantes:

1. Contexto Histórico:
  • Durante o período do Mandato Britânico na Palestina (1920-1948), houve tensões crescentes entre a comunidade judaica e a população árabe.
  • Os judeus, por meio de organizações como a Haganah, buscavam estabelecer um Estado judeu na região, enquanto os árabes resistiam a essa ideia.
2. Atividades da Haganah e outros Grupos Judaicos:
  • A Haganah era uma organização paramilitar judaica que operava na Palestina durante o Mandato Britânico;
  • Inicialmente, a Haganah focava em autodefesa e proteção das comunidades judaicas;
  • No entanto, à medida que as tensões aumentaram, alguns grupos judaicos adotaram táticas mais agressivas, incluindo atos de sabotagem e terrorismo contra alvos britânicos e árabes.
3. Atentados e Ações Armadas:
  • Grupos como o Irgun e o Lehi (Stern Gang) realizaram ataques contra alvos britânicos, como quartéis e instalações militares;
  • O atentado mais notório foi o Atentado ao Hotel King David em 1946, quando membros do Irgun bombardearam o hotel em Jerusalém, resultando em muitas mortes.
4. Criação do Estado de Israel:
  • A liderança judaica na Palestina declarou a criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948, momento em que o mandato britânico acabou;
  • No dia seguinte, Israel foi invadido por cinco exércitos árabes, marcando o início da Guerra da Independência de Israel.
            Em resumo, enquanto a maioria dos judeus na Palestina buscava a autodefesa e a criação de um Estado judeu, alguns grupos adotaram táticas mais agressivas, incluindo atos de terrorismo contra os britânicos e árabes.

4. TERRORISMO “ÁRABE”


            É importante lembrar que o conflito entre israelenses e palestinos é complexo e multifacetado, com ações violentas ocorrendo de ambos os lados. Aqui estão alguns pontos relevantes:

1. Contexto Pós-Criação do Estado de Israel (1948):
  • Após a declaração de independência de Israel em 14 de maio de 1948, os países árabes vizinhos (Egito, Síria, Jordânia, Líbano e Iraque) rejeitaram a existência do novo Estado e declararam guerra;
  • A Primeira Guerra Árabe-Israelense (1948-1949) foi desencadeada, marcando o início de uma série de conflitos.
2. Ataques e Táticas de Grupos Árabes:
  • Fedayin: Grupos palestinos, conhecidos como fedayin, realizaram ataques contra alvos israelenses e judeus;
  • Atentados a Civis: Os fedayin atacavam aldeias, fazendas e cidades, muitas vezes resultando em mortes de civis;
  • Objetivo: Essas ações visavam minar a estabilidade de Israel e criar um clima de medo e insegurança.
3. Atentados Notórios:
  • Massacre de Kfar Etzion (1948): Após a queda do kibutz de Kfar Etzion para as forças jordanianas, civis judeus que se renderam foram executados;
  • Massacre de Hadassah (1948): Durante a Batalha de Jerusalém, membros da milícia árabe atacaram o Hospital Hadassah, matando médicos, enfermeiras e pacientes judeus.
4. Consequências e Ciclo de Violência:
  • Esses ataques contribuíram para um ciclo de violência contínuo entre israelenses e palestinos;
  • A hostilidade persiste até hoje, com atentados e confrontos em ambos os lados.
        Em resumo, o terrorismo praticado por grupos árabes após a criação de Israel foi uma resposta à situação complexa e tensa na região.

5. TERRORISMO DE ESTADO


1. Conflito Israelense-Palestino e o Hamas:
  • O conflito entre Israel e o Hamas tem raízes históricas profundas, remontando à criação do Estado de Israel em 1947. Desde então, houve inúmeros episódios de violência, ataques e tensões na região entre o Estado de Israel e os grupos palestinos;
  • O Hamas é um grupo militante islâmico que controla a Faixa de Gaza e prega a destruição de Israel. Muitos o consideram um grupo terrorista, incluindo os Estados Unidos;
  • Israel, por sua vez, alega o direito à legítima defesa em resposta aos ataques do Hamas. No entanto, essa justificativa é debatida no contexto do Direito Internacional.
2. Direito Internacional e Legitimidade:
  • A Carta da ONU prevê o direito de legítima defesa, mas apenas contra Estados que tenham cometido um ataque armado. O Hamas não é um Estado, e sim um grupo militante. Portanto, o uso da força tradicional contra o Hamas não segue o prescrito pelo Direito Internacional da Guerra (jus ad bellum);
  • Além disso, o Direito Internacional não apresenta uma definição única de terrorismo. Existem várias convenções internacionais sobre o tema, mas cada país tem sua própria definição. Isso torna a classificação do Hamas como grupo terrorista uma questão complexa.
3. Apartheid e Sanções:
  • A Anistia Internacional acusou o governo israelense de submeter os palestinos a um sistema de apartheid baseado em políticas de segregação, expropriação e exclusão, que equivalem a crimes contra a humanidade;
  • Apesar disso, Israel não sofre sanções ocidentais significativas, o que também é objeto de debate e crítica.
4. Estados financiadores:
  • A rivalidade e os conflitos entre judeus e palestinos envolvem uma complexa teia de alianças, rivalidades e interesses geopolíticos. Alguns países como a Turquia, Catar e Irã foram acusados de financiar ou apoiar grupos ou ações consideradas terroristas contra Israel.
        
            A visão sobre Israel como “terrorismo de Estado” varia amplamente, dependendo do contexto, das perspectivas políticas e das interpretações do Direito Internacional e podemos citar também que alguns estados árabes podem ser vistos como colaboradores de atos terroristas na região.

OBSERVAÇÃO

            Outro elemento que devemos observar é a desproporcionalidade de forças. Enquanto Israel tem a força como nação, organizada e apoiada internacionalmente pelo Ocidente, a Palestina é um povo sem nação definida e parcialmente reconhecida, sem um exército regular organizado, que enfrenta problemas básicos de infraestrutura e social , desestruturados economicamente e apoiado de fato apenas por alguns países não-ocidentais. A relação de forças nos permite dizer que é uma relação típica de oprimidos e opressores.

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